Foi em um retiro de Rebanhão de carnaval da Renovação Carismática, no ano de 1998 na cidade de Coroatá, que ouvi pela primeira vez o forte testemunho da vida e do martírio de são Maximiliano Maria Kolbe, vítima das atrocidades dos campos de concentração nazistas, que vitimaram milhões de pessoas inocentes durante os anos da segunda guerra mundial.
Fiquei profundamente emocionado no momento em que cantamos com renovada força esta conhecida canção feita em sua homenagem:
Me chamastes para caminhar na vida contigo.
Decidi para sempre seguir-te, não voltar atrás;
Me puseste uma brasa no peito e uma flecha na alma;
É difícil agora viver sem lembrar-me de Ti.
Te amarei, Senhor […]
Me marcou tanto aquele momento, que o tenho como um tempo de uma nova efusão no Espírito. Senti que aquela brasa que ardeu no coração do mártir no ato de seu holocausto, acendeu em mim uma chama viva de amor e de caridade. No calor daquele momento tão fecundo senti aquela flecha de santidade apontada para minha vida, me impelindo ao mistério do amor de Deus.
Junto aos mais de seis milhões de judeus trucidados nos horrores daqueles depósitos de morte, dor, desespero e angústia, estavam tantos mártires de Cristo, mártires da estatura de frei Maximiliano, das carmelitas Edith Stein e sua irmã biológica Rosa Stein que também havia se convertido ao cristianismo e entrado no Carmelo, pois ambas eram judias de nascimento. Do pastor luterano Dietrich Bonhoeffer, de Anne Frank, sua mãe e quase toda sua família. De Viktor Frankl (que sobreviveu), e de tantos anônimos que foram silenciados pela forma generalizada com que se passou a falar das vítimas da tragédia dos campos de concentração.
Olhamos com assombro para esta página tão triste da história sem nos darmos conta que a história está cheia de páginas tristes até o absurdo. Como não deixar de lembrar do martírio dos cristãos armênios nos anos da primeira guerra, vitimados pela loucura islâmica dos turcos. Milhões de armênios morreram da forma mais bruta que se possa imaginar. Quantas vítimas da insanidade revolucionária russa, que matou indiscriminadamente milhões de pessoas em um movimento de limpeza étnica das populações que viviam ao redor do território comunista.
E, se formos falar dos milhões de africanos, índios, ameríndios, etc.. Parece que nossa história foi escrita com a mentalidade do absurdo!
Ainda vivemos em um ambiente profundamente injusto, violento e sem capacidade de medir os acontecimentos. Uma terrível guerra na Ucrânia, no Eire, nos países da África, no Oriente Médio. Guerra, fome, doenças. Mais e mais pessoas sendo arrastadas para a linha abaixo da pobreza, vivendo na extrema miséria humana.
E nós católicos em crise por que não se sabe se devemos comungar de joelho ou em pé; se a hóstia é para pegar com a mão ou tomar diretamente na boca, se o papa é pop ou conservador!
Penso eu que a verdadeira espiritualidade não passa necessariamente por esses pontos, mas por uma profunda consciência que o fracasso do homem em tomar conta da criação de Deus, só encontrará o caminho de volta quando formos capazes de, em união com o Espírito Santo, tomarmos um caminho diferente, de conversão aos valores do Reino. Só haverá verdadeira fraternidade quando o ser humano for capaz de supera o egoísmo que assolou a criação e fez o jardim se transformar em deserto.
Os mártires são heróis! Heróis no testemunho, na atenção ao que realmente importa, heróis na verdade do amor, que é capaz de entregar a vida por um outro que sofre. Este é o Reino.
No meio da angústia, do abandono e da morte, brilhou o amor incondicional de Deus na vida dos seus mártires, que testemunharam a verdadeira vida e a verdadeira luz onde só era possível enxergar morte e trevas.
Louvo a Deus pelo testemunho que até hoje me alcança de Maximiliano, Edith Stein e tantos outros que atravessaram a força as marés de morte da história para, silenciosamente, dar testemunho de sua fé e de sua esperança. Que esta graça alcance você que está lendo este pequeno artigo.
Deus nos abençoe !!!