Vivemos uma vida bem agitada, rodeados de compromissos e muitos afazeres durante o dia e pouca são as vezes que nos sobram um momento em que cuidamos de nós, com atenção, com cuidado, com carinho, para apreciarmos algo que gostamos, seja uma boa música, uma boa leitura, seja um jogo. A  verdade é que estamos correndo contra o tempo. Compartilho com vocês que nem sempre tive essa visão de optar por momentos mais calmos e tranquilhos, pensei muitas vezes que tornar-se adulta era de fato abraçar a correria de uma vida cheia de responsabilidades e que o nosso eu viria por último, ali na noite em que se chegar em casa ao inves de descansar e curtir a si mesmo, você dormia. Acontece que desde minha adolescência sempre gostei de poemas, assim como de várias outras leituras, porém com o passar do tempo isso foi deixado de lado, justamente pela correria da vida adulta, que por vezes achei que era a forma certa de se viver.

Quando você tem costume de ler um bom poema ou até mesmo uma boa leitura, sabe que precisa de tempo, lugar e disposição, ao retornar esta prática percebe o quanto me faltava dedicar um pouco mais de cuidado a mim mesma. O meu lugar é exatamente onde me sinto conectada a mim mesma, depois de um dia axausto da faculdade, é onde descanso minha mente lendo um bom poema. O meu lugar e os poemas, são de fato a minha terapia.

Compartilho com vocês aqui um dos poemas, de uma das escritoras que mais amo, Cecília Meireles.

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Viagem (1939)

 Hoje convido você a descobrir dentro da literatura qual livro é a sua terapia e que te convida a se dedicar um pouco mais a você mesma. “A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas, por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede”. Carlos Drummond de Andrade.

 

Celly Fernanda, 26 anos, acadêmica em Filosofia pela UEMA- São Luís-Ma. Consagrada a Virgem Maria pelo metodo de São Luís Maria Grignion de Montfort, catequista, e coordenadora e fundadora do grupo Donzelas de Maria, que leva através do grupo a vivência da modéstia e o amor a Nossa Senhora.

 

Celly Fernanda